Não existe uma saúde em si, e todas as tentativas de definir tal coisa fracassaram miseravelmente.
Depende do seu objetivo, do seu horizonte, de suas forças, de seus impulsos, seus erros e, sobretudo, dos ideais e fantasias de sua alma, determinar o que deve significar saúde também para seu corpo.
Assim, há inúmeras saúdes no corpo, e quanto mais esquecermos o dogma da "igualdade dos homens", tanto mais nossos médicos terão de abandonar o conceito de uma saúde normal, juntamente com a dieta normal e o curso normal da doença.
E então, chegaria o tempo de refletir sobre saúde e doença da alma, de situar a característica da virtude de cada um em sua saúde. O que para uma pessoa fosse verdade, poderia ser o contrário para uma outra.
Enfim, permaneceria aberta a grande questão de saber se podemos prescindir da doença, até para o desenvolvimento de nossa virtude, e se a nossa avidez de conhecimento e autoconhecimento não necessitaria tanto da alma doente quanto da sadia; em suma, se a exclusiva vontade de saúde não seria um preconceito, uma covardia e talvez um quê de refinado barbarismo em retrocesso.
Depende do seu objetivo, do seu horizonte, de suas forças, de seus impulsos, seus erros e, sobretudo, dos ideais e fantasias de sua alma, determinar o que deve significar saúde também para seu corpo.
Assim, há inúmeras saúdes no corpo, e quanto mais esquecermos o dogma da "igualdade dos homens", tanto mais nossos médicos terão de abandonar o conceito de uma saúde normal, juntamente com a dieta normal e o curso normal da doença.
E então, chegaria o tempo de refletir sobre saúde e doença da alma, de situar a característica da virtude de cada um em sua saúde. O que para uma pessoa fosse verdade, poderia ser o contrário para uma outra.
Enfim, permaneceria aberta a grande questão de saber se podemos prescindir da doença, até para o desenvolvimento de nossa virtude, e se a nossa avidez de conhecimento e autoconhecimento não necessitaria tanto da alma doente quanto da sadia; em suma, se a exclusiva vontade de saúde não seria um preconceito, uma covardia e talvez um quê de refinado barbarismo em retrocesso.
Por Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo e poeta alemão.
De "A Gaia Ciência". Friedrich Nietzsche. São Paulo: Cia das Letras, 2001.
A saúde da alma - Nietzsche
Revisado by tautonomia
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09:34:00
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