Poema em forma de diálogo interno, vindo duma sensação de desespero, na busca por encontrar sentido para a própria existência. Como que num sonho, alguém responde a conversa interna, tentando encontrar respostas para as suas questões, escrito por Lyleeth.
Oi.
O que foi?
Nada.
Me fala o que você tem
Nada que você possa me dar agora.
Mas talvez eu possa amenizar a sua ansiedade de querer o que não pode ter agora. Me fala.
Eu queria estar longe, como as nuvens escuras da fria noite que a lua clareia.
Mas por quê?
Eu gostaria de as vezes poder me transportar para um mundo só meu.
E você já se sentiu em um mundo só seu?
Quando eu tenho essa sensação, é como se eu sentisse falta de um lugar onde já estive a muito tempo atrás.
E você se lembra desse lugar?
Lembranças eu não tenho, mas eu o sinto vivo em minha mente, como se eu o sentisse ao meu redor.
Como você se sente?
Bem. Eu me sinto, como se finalmente estivesse encontrado meu lugar, o lugar ao qual mereço.
Como? O lugar que você merece?
O lugar onde vivo em minha mente, sendo assim eu o mereço.
O que você acha de tudo isso?
Vezes me parece algo que merece desprezo de pensar; e vezes é o meu mundo, meu único lugar.
Como você se sente lá, no seu lugar?
Eu me sinto viva, como se lá fosse o lugar que eu realmente vivesse, e não aqui, no mundo onde vivo.
O que você acha do mundo onde vive?
Desprezível; logo preciso, vezes parece fácil, às vezes nem pensar.
O que seria fácil pra você?
Acreditar em mim mesma.
E você não acredita?
Eu tento muitas vezes, mas a realidade mostra que sou falha em tudo que creio.
No quê você crê?
Costumava acreditar que o desejo e a disciplina da mente movem tudo o que quiser, fazem tudo acontecer.
Onde está a sua falha?
Quando as tentativas levam à exaustão e você percebe que nada se moveu, e tudo está no mesmo lugar.
O que você gostaria de mover? Ou mudar?
Minha mente.
Como? A fim de quê?
Fazer com que ela aceite meus desejos, e os realize.
Acredita que por ser tão fácil a realização, você não consegue concretizá-la em sua mente?
Isso me parece incômodo as vezes, mas eu não sei se o erro está nisso.
E no que mais poderia estar?
Na crença, simplesmente no fato de aceitar e viver o que se aceita antes mesmo que aconteça.
Sim, é um pouco complicado. Mas você já tentou fazer algo a respeito?
Sim, eu já tentei me isolar de tudo o que eu costumava acreditar.
Quanto tempo?
Alguns anos.
Por quê?
Acreditei que eu estivesse iludida com uma coisa errada sobre mim.
Funcionou?
Não sei dizer ao certo. As vezes seu fantasma me atormenta de forma desesperadora.
Mas por que lutar contra seus desejos, seus dons?
Já disse, acreditava que eu estivesse sendo má comigo mesma, e me levando para um caminho errado.
Há pessoas que fazem isso?
Sim, várias.
E você acha que elas são pecadoras por seguirem seus instintos?
Vezes eu as invejo por serem assim, apenas seguirem seus instintos e acreditar, sem se questionarem se aquilo é certo ou errado.
Mas?
Mas eu, eu não sei. Vezes me parece ser errado, e me parece que meu mundo está muito longe desse.
Haveria algum efeito caso isso acontecesse?
Sim, isso estaria expondo meu mundo.
Haveria algum erro nisso?
Não, nenhum, pois meu mundo é belo, de perfeição esplêndida e desigual.
E você ainda sente medo?
Não, eu só não sei como começar. Já se passou tanto tempo.
Comece acreditando, e aceitando
Mas como? Há tanto o que fazer.
Esqueça tudo isso, o que deve ser feito, o tempo. Pense somente no que você quer fazer, e acredite alcançar esse privilégio de mostrar seu mundo. Deixe de viver o mundo dos outros, viva o seu. Realize seu desejo, o que tanto te perturba.
Escrito por: Aline Rodrigues (Lyleeth).
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Diálogo interno
Revisado by tautonomia
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16:06:00
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