Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer
que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo,
salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exatamente
aonde o meu braço chega —
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
(Alberto Caeiro)
De "Poemas Inconjuntos". Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Presença, 1994.
De "Poemas Inconjuntos". Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Presença, 1994.
Não tenho pressa - Alberto Caeiro
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14:39:00
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