A relação de ajuda na orientação não-diretiva acontece com o indivíduo, onde a atenção não se foca somente em sua dificuldade, mas sobre a pessoa como um todo.
Quando uma pessoa comunica sua dificuldade, é uma oportunidade dela se revelar um pouco mais sobre si mesma, num processo de se conhecer mais profundamente.
Cada dificuldade que a pessoa traz é uma expressão de um traço existencial dela, classificar sua experiência com termos como ansiedade, estresse ou depressão é limitar sua existência. Mais importante que isso é criar condições para que o indivíduo perceba o significado de suas questões para si mesma.
Se possibilitamos condições favoráveis para o indivíduo perceber e lidar com os obstáculos que está atravessando e impedindo o fluir de sua vida, incentivamos o seu desenvolvimento com autonomia.
Não há como ajudar outra pessoa tentando classificar ela a um problema como ansiedade, estresse ou depressão, pois assim estaremos rejeitando a pessoa como um processo. Todas dificuldades surgiram em algum momento, em meio a vivências da pessoa consigo mesma ou com os outros.
Conforme a pessoa é escutada em seu modo de ser, sem julgamentos, ela passa a se perceber e a comunicar-se consigo mesma, isso é muito mais amplo que qualquer classificação, pois permite a pessoa se perceber e estabelecer contato com sua existência, seu modo de ser, sentir, agir e reagir a diferentes situações.
Quando não nos percebemos, nos comunicamos mal internamente, pois não percebermos bem o que estamos a sentir e como estamos sendo afetados por nossas vivências, por consequência a comunicação com os outros também fica prejudicada.
A boa comunicação consigo mesmo consiste num processo, quando percebemos e compreendemos nossas experiências sentidas, sejam elas amor ou ódio, alegria ou tristeza, satisfação ou raiva, surpresa ou decepção, e comunicamos a nós mesmos o que estamos sentindo.
Para que isso aconteça, torna-se necessário um relacionamento permissivo, onde a pessoa possa ser como é e se comunicar como realmente se sente, sem necessidade de esconder-se em "máscaras" ou "fachadas". Deste modo, a pessoa passa a se avaliar por si mesma, e não pelos olhares dos outros, tornando-se confiante consigo mesma e desenvolvendo sua maturidade psíquica.
Eu não sou o outro, e não estou no lugar que ele está, aquilo que serve para mim pode não servir para ele. O terapeuta não-diretivo está interessado em deixar a pessoa atendida fazer a experiência, a fim de aprender por si mesma, fazendo suas próprias descobertas, seguindo o seu próprio caminho e encontrando as soluções que lhe pareçam mais adequadas.
Texto por Bruno Carrasco,
psicoterapeuta que valoriza de cada pessoa em seu
modo de ser singular, colaborando para lidar com suas dificuldades e ampliar suas possibilidades de ser.
Referência: Orientação não-diretiva, Franz Victor Rudio, 1982.
A orientação não-diretiva
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