A alienação do eu é o desligamento da pessoa de sua existência. A pessoa alienada é desprovida de si mesma, vivencia os desejos, normas e pensamentos alheios, não se percebe como produtora de si, mas pertencente a outra coisa ou objeto.
Nos desesperamos quando algo que queremos não acontece da maneira que esperávamos, principalmente pelo fato de não conseguirmos alcançar nossas expectativas. A sensação do fracasso pode ser intolerável para alguns, se transformando em desespero.
Quando desejo ser outro e tento me tornar diferente do que sou, posso tanto fracassar e me decepcionar comigo mesmo por não conseguir, ou conseguir e alterar meu modo de ser para me tornar outro. De qualquer maneira me desespero por não me identificar com o que sou, seja por me decepcionar ou por me deixar de lado para me tornar outro.
De acordo com Kierkegaard, o desespero se manifesta em diferentes graus, o mais baixo deles é resultado da ignorância, onde o indivíduo não possui a menor consciência da existência de si. Logo, quando se tem uma certa consciência de si, o desespero acontece quando temos uma aversão por esse eu.
Para solucionar esse incômodo, precisamos ir de encontro com o que verdadeiramente somos ao invés de tentarmos ser outro, isso nos possibilita desenvolver a paz e harmonia interna. Ser quem somos é o contrário do desespero, e o desespero desaparece quando paramos de negar ser quem realmente somos e aceitamos a nós mesmos.
A importância de encontrar-se consigo mesmo e de conectar-se com seus propósitos de vida fazem parte da filosofia existencialista e da terapia existencial.
“A decepção mais comum é não escolhermos ou não podermos ser nós próprios, mas a forma mais profunda de decepção é escolhermos ser outro antes de nós próprios”
(Kierkegaard)
Texto por Bruno Carrasco,
psicoterapeuta que valoriza de cada pessoa em seu
modo de ser singular, colaborando para lidar com suas dificuldades e ampliar suas possibilidades de ser.
O desespero do não-eu
Revisado by tautonomia
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11:10:00
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