Da minha aldeia vejo
quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande
como outra terra qualquer,
porque eu sou do tamanho do que vejo
e não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
escondem o horizonte,
empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
tornam-nos pequenos
porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
e tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(Alberto Caeiro)
Poema VII, “O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).
Eu sou do tamanho do que vejo
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